Carmem: A pomba-gira de Glória Perez que abalou a Globo

Sucesso na TV Manchete, Glória Perez retornou à emissora em grande estilo.

Marco Costa
5 Min Read
Lucélia Santos na propaganda de Carmem

Carmem entrou no ar em outubro de 1987 pela Rede Manchete e não precisou de muito tempo para conquistar o público. Baseada na cultuada personagem de Marimée e Bizet,  que já foi adaptada de ópera a filme de cinema, a novela teve 180 capítulos.

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A trama de Glória Perez contou a história de Carmem, uma jovem revoltada e desiludida no amor que faz um pacto de sangue com uma pomba gira cigana que lhe confere poder, prestígio e acesso a qualquer homem que tivesse interesse em conquistar. Porém, para isso, ela nunca deveria se apaixonar sob pena que algo muito ruim lhe acontecesse. Ocorre que, nossa heroína se apaixona por Camilo, um jovem corredor automobilístico, resultando na tragédia anunciada: sua morte no último capítulo da novela.

A autora Glória Perez e os atores Lucélia Santos e José Wilker saiam da emissora líder de audiência e se aventuravam em uma Rede Manchete em início de carreira, mas que estava com muita vontade de acertar.

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Carmen não foi um sucesso estrondoso em audiência, mas conferiu vários méritos à novata emissora. Deu grande repercussão, numa época em que nem se sonhava com internet e redes sociais,  faturamento a altura do investimento. E, no Rio de Janeiro, um dos principais mercados do Brasil, chegou a incomodar a Globo principalmente às sextas-feiras,  quando era exibido o Globo Repórter. Em mais de uma ocasião, a novela desbancou o jornalístico, tornando-se líder de audiência, fato que nunca havia ocorrido antes, uma novela concorrente desbancando um programa da Globo.

A estrela de Carmem

Lucélia Santos, apesar de não corresponder ao perfil exuberante que a personagem exigia, mostrou uma atuação visceral que levou a atriz a ter crises de depressão durante e após o final da novela. Lucélia, em entrevistas, disse que a personagem era muito boa, mas que a esgotava profundamente.  Antes de estourar em Pantanal como José Leôncio na primeira fase, Paulo Gorgulho fez bonito interpretando o apaixonado e enlouquecido policial militar José, que assassina Carmem no último capítulo.

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Carmem contou com a participação da ex-atriz de pornochanchada Darlene Glória. Seu personagem era uma evangélica para mostrar sua conversão à religião. Maurice Vaneau, como Dr Jean Pierre, personagem homossexual que se suicida após chantagem, também mereceu destaque. Theresa Amayo interpretou Rosimar, a primeira personagem de novela a contrair o vírus HIV numa transfusão de sangue. Beatriz Seagal deu vida a Alzira, mãe de Carmem, num de seus poucos personagens interpretando uma mulher pobre e revoltada com sua condição social. Quem mandou muito bem do início ao final da novela foi Paulo Betti com o vilão Ciro, que despertou o ódio e a revolta em Carmem e a fez procurar a Pomba Gira, já que a engana no início da trama e a abandona sem dinheiro.

Após o sucesso, volta para a Globo

Glória Perez foi quem mais se deu bem com a exibição da novela já que foi recontratada pela Globo a peso de ouro. Ela voltou para escrever Barriga de Aluguel, sucesso do horário das seis da emissora.

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Carmem teve alguns trechos sem qualquer conexão com a realidade, mas que o público que a assistia embarcou com gosto e até hoje é uma das novelas mais lembradas da extinta Rede Manchete.  A abertura foi um show à parte. Lucélia passeava no meio de cartas de baralho sob o som instrumental de Carmem de Bizet. Entre 19 de março e 7 de junho de 1990, reprisada nas tardes da Manchete, quando tive a oportunidade de assisti-la, mas na versão de 70 capítulos.

Quem sabe um dia poderemos assistir essa raridade. Ela foi adquiria em leilão por um comprador desconhecido, com as fitas em boas condições de reabilitação para exibição.

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