Sol de Verão: Um Maneco inspirado e cheio de tristeza

Manoel Carlos precisou abandonar a novela após a morte do protagonista

Marco Costa
4 Min Read
Jardel Filho e Irene Ravache em cena de Sol de Verão
Jardel Filho e Irene Ravache fizeram grande sucesso em Sol de VerãoReprodução internet

Sol de Verão, novela que Manoel Carlos escreveu para o antigo horário das 20h da Globo, teve 137 capítulos exibidos entre 11 de outubro de 1982 e 19 de março de 1983. O autor vinha de 3 grandes sucessos consecutivos, dois para o horário das seis (Maria, Maria e A Sucessora) e um das oito (Baila Comigo). A Globo então, encomendou sua próxima novela com a responsabilidade de substituir Sétimo Sentido, de Janete Clair, que havia elevado a audiência da antecessora e problemática Brilhante, de Gilberto Braga.

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A novela contava a história de Rachel, interpretada por Irene Ravache, que saia corajosamente de um casamento fracassado e se mudava para o Rio de Janeiro. Com ela, a mãe Laura (Beatriz Segal), e a filha Clara (Débora Block). Lá, ela conhece Heitor (Jardel Filho), um mecânico boêmio e bonachão por quem se apaixona, mas num relacionamento de idas, vindas, brigas e muita paixão. Além disso, também a história do surdo-mudo Abel (Tony Ramos), que buscava sua mãe e emprega-se na oficina de Heitor, apaixonando-se por Clara.

A vida real impôs mudanças na novela

Sol de Verão traria uma triste reviravolta: a morte do ator Jardel Filho, que vivia o protagonista Heitor, em 19 fevereiro de 1.983 num ataque cardíaco fulminante. O primeiro capítulo sem o protagonista foi ao ar em 28 de fevereiro daquele ano (número 121), ocasionando o encurtamento da novela em mais de 40 capítulos. Além disso, um buraco na sequência do horário das oito. Louco Amor, de Gilberto Braga, não estava ainda pronta. A solução? A reprise de O Casarão tapando buraco até que a próxima novela estivesse em condições de ir ao ar.

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Manoel Carlos ficou tão arrasado com a morte do amigo e protagonista de sua trama que não teve condições de continuar a escrevê-la. Lauro César Muniz, mas que não a assistia, assumiu a autoria e a finalizou dando um final digno à trama. Tristeza à parte, Sol de Verão foi uma novela ensolarada, colorida e alto astral, como Maneco sabe fazer. Os longos diálogos eram elogiados pela crítica especializada e apreciados pelo espectador. Tony Ramos brilhou como Abel e seu “match” com Clara foi tão grande que chamavam o casal de “ClarAbel”. Entretanto, no final da trama, Abel consegue falar e se comunicar.

A abertura da novela era um show de criatividade à parte. Sob o som de Tô que Tô, da cantora Simone, imagens de mulheres de biquini se entremeavam a corpos suados e camisetas molhadas. Uma sensualidade impensável para os dias de hoje. O logo da novela é um dos mais bonitos e criativos da história das telenovelas.

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Balanço final

Como saldo final ficou o talento de Jardel e Irene que brilharam em seus personagens, Tony e Débora fazendo um casal aclamado e a tristeza do trágico momento que ceifou um dos maiores talentos da televisão brasileira. Como comentamos no Papo de Novela do Canal do Vannucci, Sol de Verão está disponível no Globoplay no projeto Fragmentos, já que não existe uma cópia integral da novela.

Uma pena! Seria um prazer imenso desfrutar do talento inigualável de Jardel Filho em sua última aparição na televisão.

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