2024: Um ano de transformação na televisão brasileira

A televisão brasileira apertou os cintos, diminuiu a quantidade de funcionários e viu o digital crescer

José Armando Vannucci
José Armando Vannucci - José Armando Vannucci
8 Min Read
TV antiga para ilustração

2024 foi um dos anos mais difíceis para a televisão brasileira. Um ano de transformação, viradas, tentativas, acertos e erros. Um ano de partidas, de despedidas e de novos ciclos e que, além disso, provará que, na televisão, não existe certeza absoluta e que o que funciona ali, não necessariamente se repetirá aqui. Mas, sem dúvida nenhuma, 2024 ensinará à nova geração de executivos que assumem o comando das TVs que o telespectador ainda manda na TV.

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No SBT, o ano começou cheio de promessas. Novos artistas, novos programas, gente da internet para atrair os jovens e programação ao vivo para prender o telespectador. Já nas primeiras semanas de janeiro, o anúncio da contratação de Cesár Filho para se juntar às novas estrelas da emissora: Virgínia Fonseca, Luccas Neto, Lucas Guimarães, Tirulipa, Michelle Barros, Regina Volpato, Paulo Mathias. Marcão do Povo e Christina Rocha, as pratas da casa, escalados para o Tá na Hora. Um novo tempo, uma nova grade! Novelas mexicanas em segundo plano. A nova direção do SBT desejava resgatar o DNA da emissora e, principalmente, audiência. Mas o que a gente acompanhou foi uma grande dificuldade para emplacar uma nova cara.

Lucas Guimarães não viu sua estreia acontecer em março, como planejado pelo SBT. Agora, a promessa é para março de 2025. Um ano depois das estreias de todo mundo. O Chega Mais teve quatro diretores e sua audiência parecia uma montanha russa, mas aquelas baixas, uma vez que suou muito para ultrapassar os dois pontos e meio. Agora em dezembro, depois de um longo desgaste, o Chega Mais deixou a grade. Meses antes, Regina Volpato pediu pra sair. Os números mostram que o Chega Mais derrubou em cerca de 30% a média do SBT no Painel Nacional de Audiência.

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Uma tarde diferente no SBT

O Tá na Hora não acabou. Mas, já no primeiro mês perdeu Christina Rocha. Mas, mesmo com a chegada de Márcia Dantas como parceira de Marcão do Povo o programa não decolou. Boa parte do ano passou atrás do Brasil Urgente e Cidade Alerta. Agora, Datena assumiu o Tá na Hora com a missão de impulsionar sua audiência. A estreia do jornalístico jogou as novelas mexicanas jogadas para o início da tarde. Entretanto, ainda representam as maiores audiências da tarde, mas abaixo do que registravam antes da reforma na grade.

A grande estreia mesmo foi de Virgínia Fonseca. Da internet para as noites do sábado. Tem dado resultado. O SBT ganhou uma nova apresentadora, mas perdeu Eliana. Insatisfeita com a falta de investimentos em seu programa, acabou seduzida por uma interessante proposta da TV Globo.

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Nova estrela global

Eliana agora é global. Chegou podendo, com direito a entrevista no Fantástico, participação no Domingão e longa entrevista na Ana Maria Braga. Apresenta o Saia Justa, levou anunciantes para o GNT e é a rainha da Black Friday. Agora em janeiro, comandará o The Masked Singer Brasil, sua entrada para os domingos da Globo. E coube a Celso Portiolli a responsabilidade de manter a vice-liderança consolidada de Eliana.

Atualmente, Celso Portiolli comanda sete horas de programação. Ele aumentou os números e conseguiu ampliar o faturamento.  Tornou-se um dos principais apresentadores da TV brasileira. Rebeca Abravanel tem uma hora do domingo com o Roda a Roda e Patrícia Abravanel incomoda a Globo com o Programa Silvio Santos. Ou seja, o domingo é o único momento em que o alto comando do SBT não tem dor de cabeça.

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Em 2024, depois de um longo período sem grandes novidades aos domingos, a Record resolveu investir na grade. Acertou com Tom Cavalcante. Game gravado na Argentina. Audiência respondeu e colocou a emissora numa situação mais competitiva nos finais semana. Acerte ou Caia já grava sua segunda temporada e tem a terceira encomendada. Mas, o Domingo Record de Rachel Sheherazade não funcionou. A jornalista foi escalada para o programa depois do sucesso em A Grande Conquista. E no finalzinho do ano, Rodrigo Faro anunciou sua saída da Record. A Hora do Faro perdeu força e a Record propôs contrato por obra em reality por temporada. Faro achou melhor buscar outros caminhos.

E quem diria … o Big Boss no paredão

Depois de 40 anos, Boninho – o todo poderoso do BBB – deixa a Globo. O anúncio do fim do contrato com o executivo aconteceu durante o Estrela da Casa, reality criado por sua equipe e que derrubou a audiência da emissora. Muita especulação sobre seu futuro e sinais de uma aproximação com o SBT.

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O SBT também encerrou sua relação com alguns diretores. Murilo Fraga, que comandava a programação, Luciana Valério, do comercial, e Ariel Jacobowith, da linha de shows são alguns deles. Mas o que surpreendeu foi a saída de José Roberto Maciel, vice-presidente do SBT por anos e o homem de confiança de Silvio Santos. Em novembro, a emissora anunciou uma nova estrutura, com Daniela Beyrute como presidente e Fernando Justus Fischer como o super executivo, o que manda em tudo.

Em 2024, vimos alguns artistas saírem de suas emissoras. Cleber Machado, Christina Rocha, Flor, Chris Flores, Beca Milano. Alguns dos que estavam no SBT. Globo avançou no desligamento de artistas. Márcio Garcia, Glória Pires, Paolla Oliveira, Claudia Raia, Joaquim Lopes, Marcelo Mello Junior, Nanda Costa, Deborah Secco. Agora é quase tudo por obra. A TV aberta não aguenta mais altos salários e equipes gigantescas. É tudo mais modesto. Sabe aquela história … “fazer mais com menos”? É isso.

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Novos concorrentes

A TV aberta no Brasil ainda é relevante e tem praticamente 70% da audiência. Mas, perde espaço. E o que o SBT enfrentou neste ano é o maior exemplo. Apostou em novidades, mas não conseguiu resgatar seu antigo público e nem atrair um mais novo. Muito pelo contrário, os números recuaram. E isso acontece de uma forma geral. Pouco a pouco, o telespectador aumenta seu consumo de conteúdo audiovisual no digital.

Entretanto, em 2024, pela primeira vez, o digital movimentou mais recursos de publicidade do que os canais da TV aberta. Mais um sinal de uma grande mudança que assistimos diariamente em nossa TV.

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