Cazuza: Boas Novas é mais que um documentário, é uma celebração intensa, sincera e, ao mesmo tempo, dolorosa da vida de um dos maiores poetas da música brasileira. O filme, na minha opinião, acerta logo de cara ao fugir da fórmula batida dos documentários biográficos. Nada de longas introduções sobre infância e adolescência. Em vez disso, começamos no auge: Cazuza já famoso, polêmico e visceral. Um acerto e tanto, afinal, duas horas são pouco para dar conta da intensidade que foi a vida desse artista.
Um dos pontos altos é o espaço generoso dedicado aos amigos mais próximos, como Leo Jaime e Frejat, que revelam bastidores preciosos sobre a criação de clássicos como Ideologia, Blues da Piedade e Brasil. As conversas são íntimas, emocionantes e carregadas de afeto. Dá pra sentir o quanto ele é amado e o quanto faz falta.
Mas quem realmente rouba a cena é Lucinha Araújo, mãe de Cazuza. Com um humor afiado e uma leveza comovente, ela compartilha histórias hilárias (e tocantes) dos bastidores da vida com o filho, inclusive nos momentos mais delicados, dentro do hospital. Cazuza faz rir até na dor. E o filme consegue transmitir isso com naturalidade.
Outro grande mérito é não romantizar a doença. O documentário encara de frente o HIV, a Aids, a famosa e cruel capa da Veja e os últimos dias do cantor. Mostra a coragem de gravar Burguesia com febre de 40 graus, com uma UTI móvel do lado de fora do estúdio. É um retrato forte, honesto, necessário.
Cazuza: Boas Novas é obrigatório para fãs, mas também uma aula de humanidade para qualquer um. Um filme que mostra um artista imortal em sua totalidade: genial, frágil, debochado, doce e feroz. Exatamente como ele era.
NOTA: 10/10
Veja o trailer do filme:
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