Léo Batista teve um papel muito importante num dos momentos cruciais da Globo. Ele não mediu esforços para ajudar na operação. Além disso, apontou o caminho para os bombeiros para salvar fitas preciosas.
28 de outubro de 1971. Uma grossa fumaça tomou conta do Estúdio A da Globo Rio e, em poucos minutos, se espalhou por corredores e salas. Os funcionários que já estavam na emissora saíram rapidamente do local e muitos correram para salvar fitas com programas, novelas, reportagens e imagens de arquivo. A notícia se alastrou rapidamente e muita gente foi para a emissora numa tentativa de ajudar no que fosse possível. “Quando cheguei à Rua Von Martius e vi a Globo em chamas não pensei duas vezes. Corri para ajudar os colegas que tiravam as fitas de vídeo e colocavam numa van”, contou com emoção Norma Blum em entrevista ao Biografia da Televisão Brasileira.
Uma verdadeira multidão atuava de maneira sincronizada para retirar dali o que era possível. “Eu ajudei a salvar grande parte do arquivo do jornalismo e esporte”, contou Leo Batista, que, mesmo perto das chamas, deu aos bombeiros detalhes do prédio e onde estavam localizados os principais departamentos.
“Eu comecei a gritar que queria uma picareta porque sabia que atrás daquela parede estava uma parte do arquivo. Fizemos um buraco e por ali conseguimos resgatar 70% desse material” – Léo Batista
Entre as fitas recuperadas estão algumas com os jogos da Copa de 70, que teve Leo Batista como apoio nos estúdios no Rio de Janeiro. Imagem recuperada, mas sem áudio. A solução: acrescentar a locução feita no rádio Pedro Luís e Edson Leite. “A voz dos dois é parecida e tem gente que acha que só tem um ali”, conta.
Grande mobilização
O susto foi grande, mas a mobilização dos funcionários fez com que o prejuízo ficasse meio restrito ao Estúdio A. Ele precisou ser reformado e receber novos equipamentos para voltar a operar. Entretanto, o pior incêndio enfrentado pela Globo ocorreu no dia 04 de junho de 1976. Era exatamente 13 horas quando um curto-circuito no sistema de ar-condicionado na sala de controle mestre da TV provocou o fogo que destruiu um dos parques tecnológicos mais modernos da América Latina.
A fumaça se espelhou rapidamente, o alarme acionado e todos os departamentos desocupados. “Foi tão agressivo que o sinal da Globo caiu imediatamente”, contou Léo Batista. Naquele momento, era transmitido ao vivo o “Hoje”. O jornal voltou alguns minutos depois, gerado direto dos estúdios de São Paulo para informar o que acontecia na sede. Mas, novamente, produtores, artistas, jornalistas, técnicos e executivos se organizaram para tentar salvar tudo o que estava dentro do prédio da rua Von Martius. Quem podia, corria com fitas. E foi desta forma que preservaram os capítulos prontos e os brutos de “Saramandaia”, “O Feijão e o Sonho”, “Anjo Mau”, “Pecado Capital” e “O Casarão”. Todo este material estava guardado num armário próximo à sala de Boni, mas era de conhecimento de todos os envolvidos com a teledramaturgia.
Direto de São Paulo
Enquanto os bombeiros tentavam controlar as grandes labaredas que avançavam na sede carioca da Globo, São Paulo permanecia no ar como cabeça de rede, informado sobre o incêndio. Boni e Walter Clark, que estavam na capital paulista para uma série de reuniões, voltaram imediatamente para tomar as providências que seriam necessárias, como manobras de programação, realocação de produções e parcerias que possibilitassem a continuidade da grade. Enquanto isso, Alice Maria Reineger, editora-chefe do Jornal Nacional, e Armando Nogueira, diretor de jornalismo, resolveram transferir o principal telejornal da rede para a redação da Globo-SP. Os apresentadores Cid Moreira e Sérgio Chapelin e alguns editores viajaram às pressas para viabilizar a edição daquela noite e permaneceram na cidade por pouco mais de três meses, tempo suficiente para a reforma da estrutura carioca.
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