Léo Batista narrou seu primeiro jogo na Globo no susto

Transmissão internacional falhou e Leo Batista assumiu às pressas os microfones no Brasil

José Armando Vannucci
José Armando Vannucci - José Armando Vannucci
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Leo Batista em cenário da Globo
Leo Batista nas gravações dos 50 anos do Esporte EspetacularGlobo/Divulgação

Léo Batista é uma das referências de programação esportiva na televisão, tanto na apresentação, quanto na narração. Mas, sua entrada para o mundo do futebol na TV aconteceu por muita insistência e, principalmente, sorte. Ele estava no lugar certo, na hora certa, justamente quando surgiu a maior necessidade para ele mostrar todo o seu talento. Esse início de carreira de Leo Batista lembrado por ele mesmo em entrevista para o livro Biografia da Televisão, que escrevi com Flávio Ricco.

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Os primeiros anos da Globo foram marcados por uma estratégia mais agressiva, com salários mais altos, sondagens de artistas das concorrentes e melhores condições trabalhistas. Sinais claros de investimentos em programação e elementos suficientes para projetar muitas carreiras. Por isso, profissionais do rádio e de outras emissoras também foram buscar oportunidades no Jardim Botânico.

“Eu vi que o canal 4 estava despontando, crescendo aos poucos e cheguei à conclusão de que precisava trabalhar lá” – Léo Batista

No final de 1969, de olho na Copa do Mundo, passou a procurar quase que diariamente Armando Nogueira, o então diretor de jornalismo, atrás de um lugar na equipe. Entretanto, só recebia como resposta a ausência de verba para mais um salário. Certo dia, já às vésperas da maior competição de futebol, ao chegar no estúdio para perguntar se finalmente havia uma vaga, encontrou com Walter Clark, com quem trabalhou por um pequeno período na TV Excelsior, e comentou o que buscava ali. Imediatamente, ouviu a proposta para escrever e produzir um quadro desenhado pelo próprio diretor geral para ser exibido durante o horário noturno.

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Pela ideia inicial, “Escalada Cultural” teria 10 minutos de duração com notícias rápidas sobre ciência, literatura, cinema, teatro e avanços da tecnologia para levar algum conteúdo mais qualificado ao telespectador. “Em uma semana fiz vinte programinhas e ilustrei com imagens de filmes fornecidos por embaixadas da Alemanha, Israel, Estados Unidos e França”, contou Léo Batista, interrompido, numa tarde de trabalho, por Boni interessado em saber o que realizava naquela sala a pedido de Clark. O diretor artístico leu alguns roteiros e, logo depois, saiu dali com uma vinheta na cabeça e a certeza de colocar o noticioso no ar.

Primeiro gol da Copa de 70

Algumas semanas depois do sinal verde de Boni, diante de um imprevisto durante a transmissão da Copa do Mundo, ele estreou sua carreira de narrador. Assumiu às pressas o microfone nos estúdios do Rio de Janeiro enquanto tentavam arrumar o áudio que não chegava perfeitamente do México. Com o apoio de uma reportagem publicada num jornal com o nome dos jogadores da partida inicial do mundial, segurou o tempo necessário e emocionou a todos quando o atacante do Peru saiu em disparada, mas perdeu a bola para a Bulgária, que no contra-ataque, abriu o placar. “O primeiro gol da Copa de 70 é meu”, dizia com orgulho.

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Leo Batista na apresentação do jornal Hoje
Léo Batista foi um dos apresentadores do jornal Hoje. Imagem: Cedoc Globo

Semanas depois, também sem planejar, apresentou um plantão do “Jornal Nacional”. Estava definitivamente contratado. E a partir daí passou por gerações de telespectadores. Apresentou o Globo Esporte, Jornal Nacional e Fantástico. Narrou Copas e Olimpiadas. Ensinou muitos profissionais e não mediu esforços para fazer a televisão brasileira.

Vai deixar saudades, mas também todo um legado para quem faz a televisão.

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