A televisão brasileira completa no próximo ano 75 anos de atividades. Tudo começou com a TV Tupi, a pioneira não somente em São Paulo, mas também no Rio de Janeiro e todas as capitais. Atualmente, Globo, Record, SBT, Band, Rede TV, TV Cultura, TV Gazeta, TV Aparecida, Rede Vida e outras emissoras levam ao Brasil inteiro entretenimento, informação e cultura.
Os bastidores da televisão sempre despertaram a curiosidade do público. A Tupi sempre foi um centro de histórias fantásticas. José Parisi, paulistano do bairro do Brás, trocou o trabalho de muitos anos na zona cerealista do Mercado Municipal por um emprego na televisão. Alto, moreno e forte foi considerado o tipo ideal para fazer “O Falcão Negro”, que já era um grande sucesso com Péricles Leal no Rio de Janeiro.
Contratado, ganhou o papel principal. E o Parisi não aliviava. Nas cenas de briga, que eram muitas em todos os episódios, ele batia de verdade nos seus “adversários”. Poupava os famosos, como o próprio Fulvio Stefanini admitiu no livro Biografia da Televisão Brasileira, mas não deixava nenhum figurante em pé.
Até que chegou um dia que ninguém mais queria trabalhar com ele.
Como a série era bem vendida e um dos programas mais assistidos da época, foi necessário contornar a situação e convencer o Russo, apelido de um motorista da televisão, de quase dois metros de altura, a fazer uma ponta no seriado daquela noite. Tudo ao vivo.
Vai lá e encara ele
provocou um figurante
Se ele for te bater, vai pra cima”,
Disparou outro figurante
Não deu outra.
Na primeira ameaça do Parisi, o Russo disparou uma saraivada de golpes, que deixou a todos no estúdio sem entender coisa nenhuma. Entre os dentes, num tom bem baixo para que o telespectador não percebesse, o Parisi falava:
– “Para, para. Cai, pra eu poder te bater”.
Só que a cada pedido, o Russo se enfurecia ainda mais. O jeito, e não teve outro, foi interromper a cena com o intervalo comercial e a turma do deixa disso entrar imediatamente em ação. O programa voltou normalmente depois do comercial, mas já com o Russo devidamente afastado do local.
Estas e outras histórias estão no livro Biografia da Televisão Brasileira, que escrevi com Flávio Ricco.