Por algum tempo a vida de Vera Fischer virou um enorme objeto de desejo da imprensa voltada à fofoca. Mas o assunto era tabu na TV Globo e na vida pública da atriz, cuja assessoria sempre abafava todos os casos. E os bafos envolvendo Vera tinha companhia: o ator Felipe Camargo, alguns anos mais jovem do que ela e cujo relacionamento começou durante a novela Mandala, da Globo, E olha que esse romance durou bastante: de 1988 a 1995. Neste período, não foram poucos os rumores de brigas e eventos envolvendo bebidas e drogas. Mas, como entre quatro paredes não têm plateia, os burburinhos não tinham comprovação e portanto negados.
Mas, agora na maturidade, Vera Fischer, aos 73 anos, mostrou não ter mais nenhum problema em confirmar as tretas do passado. Na noite de domingo (27/4), a atriz foi a primeira convidada do Pode Perguntar, novo quadro do Fantástico (TV Globo), que coloca famosos em meio a uma plateia formada por 29 pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) de nível 1 de suporte. Um mix de entrevista e divã terapêutico. Enfrentando com leveza os temas polêmicos, a atriz respondeu a perguntas sobre sexualidade, carreira, dependência química, vida pessoal e haters.
Em meio a espontaneidade das perguntas vindas de gente sincera, algumas mais picantes pareceram ter sido sopradas nos ouvidos da moçada. Como a do passado com drogas, em que Vera reconhece o envolvimento, mas minimiza a gravidade:
“Sim, eu me envolvi com droga. Quem já não se envolveu com outras coisas? Não foi tão brabo assim. A cocaína dá um poder pra pessoa. A pessoa se sente muito poderosa. Eu nunca precisaria disso.”
Outra pergunta casca de ferida foi do casamento da bela artista com o ator Felipe Camargo, com quem teve o filho Gabriel, hoje com mais de 30 anos. Bem à vontade, Fischer apontou os motivos que levaram ao rompimento do relacionamento, mas garantiu que foi uma relação de sucesso porque tiveram um filho que queriam muito
“Trabalhei com tantos atores e nunca tinha me apaixonado antes. Mas ali estávamos vivendo uma tragédia grega. Tivemos muitas brigas por ciúme, incompreensão e também imaturidade. Mas foi um casamento bacana enquanto durou”.
E sobre a vida sexual da “Deusa” aos 70 anos, ela respondeu com bom humor e entregou fazer uso da masturbação: “Eu tô com 73 anos, sabe como eu faço sexo: eu comigo mesma. Já ouviu falar em masturbação? É ótimo. Uma terapia maravilhosa. Você não precisa do outro. Gosto muito de saber de mim, de gostar de mim.”
Na sequência, ao ser questionada sobre o Miss Universo de 1969, Vera Fischer fez sua denúncia tardia: “Eu acho que tinha mulheres muito lindas. E é o seguinte: em 1968, quem ganhou foi uma brasileira e eles nunca dão dois anos seguidos. Mas eu realmente não merecia ganhar. Eu quis ser miss pra sair de casa. Não era pra ser miss bonita.”
E Vera ainda discorreu sobre a relação com o pai, contando que ele tinha pensamentos influenciados pelo nazismo. “Meu pai veio pro Brasil na época da Segunda Guerra. Ele dizia que o Hitler fazia discursos que a Alemanha ia ser maravilhosa. Meu pai acreditou naqueles discursos horrorosos. Ele tentou me fazer aquele livro do Hitler. Eu falei: ‘negativo’”.
A relação da atriz com as redes sociais e os conflitos com haters foi outro tema. “Não tive celular até 2020. No começo, tinha muita coisa de hater. Fiquei estigmatizada durante muito tempo. Mas agora eu tenho uns fã-clubes que me tratam com tanto carinho, como se eu estivesse vivendo uma vida diferente, sem a dor de ódios antigos”, disse.
E diante de uma pergunta sobre ser símbolo sexual na década de 1980, Vera mostrou não se identificar com o título: “Nunca me fez bem o endeusamento. Depois eu descobri que começaram a me chamar de deusa por causa da música da Rosana, que tocava quando eu descia a escadaria como Jocasta [personagem] em Mandala [novela da TV Globo].”
Por fim um dos entrevistadores quis saber o que faz atualmente e Vera disse se dividir entre trabalhos de teatro e cinema e ter uma vida caseira tranquila. “Gosto de ficar em casa, ler meus livros e cozinhar”, finalizou.
Vera mostrou nessa interessante roda sincerona do Fantástico que na vida tudo passa e as tempestades do passado hoje dão espaço a um presente de matura sabedoria, equilíbrio e tranqüilidade.