Além de “Alô, Doçura” e “TV de Vanguarda”, outro marco da história da televisão tem a participação de Cassiano Gabus Mendes. Trata-se de “Beto Rockfeller”, novela de Bráulio Pedroso a partir de seu argumento.
Em 1968, essa produção rompeu com a teledramaturgia realizada até aquele momento ao levar ao telespectador uma história moderna com personagens que viviam situações muito próximas do cotidiano do público, criando uma grande identificação e se transformando no maior sucesso daquele ano. Pela primeira vez, uma novela saia do estúdio e levava até a casa das pessoas cenas gravadas nas ruas, logo ali por onde todo mundo podia passar. A televisão rompia, então, mais uma barreira e definitivamente mostrava sua popularidade e que estaria cada vez mais presente na vida de quem a assistia diariamente.
Até hoje, as novas gerações de fãs de novelas citam a revolução provocada por “Beto Rockfeller”. “Foi uma ideia minha e do Cassiano sentados dentro de uma boate. Estávamos esperando um amigo que também era ator, o Hélio Souto. Tinha uma mesa, um aniversário de uma garotada, umas vinte pessoas sentadas. Entrou um cara, super falante, super isso, super aquilo… Beijando a mão da aniversariante, pegando cigarro Marlboro de um, uísque de outro. E eu e Cassiano observando e bolamos o Beto Rockfeller”, revelou Luis Gustavo no livro Biografia da Televisão Brasileira. Ele foi protagonista da revolucionária novela. Entretanto, depois disso, já com uma cara mais brasileira de teledramaturgia, muitos outros títulos de sucesso foram exibidos pela TV Tupi.
Chegada na TV Globo
Na metade da década de 1970, a emissora já se encontrava numa situação financeira muito delicada e de difícil solução. Mas, em 1976, Cassiano Gabus Mendes deixou a rede que ajudou a fundar e que por 26 anos comandou artisticamente, impondo formatos, padrão de qualidade e lançando inúmeras estrelas que até hoje brilham na televisão brasileira e que entraram para a história deste veículo de comunicação. Das Emissoras Associadas ele foi para a Rede Globo, atendendo a um chamado de Boni, que guardava uma profunda admiração por um antigo chefe seu.
Inicialmente, Cassiano resistiu à ideia, mas acabou aceitando escrever novelas em seu novo trabalho. A primeira delas foi “Anjo Mau”, com Suzana Vieira no papel de uma mulher ambiciosa que fazia de tudo para se dar bem na vida. No ano seguinte, emplacou mais um grande sucesso: “Locomotivas”, que, com muito humor, contava a história de uma ex-vedete dona de um salão de beleza. E, desta forma, os altos executivos da Globo perceberam que a comédia era o gênero mais adequado para a faixa das 19h, horário que recebeu muitas outras tramas assinadas por Cassiano Gabus Mendes, como “Te Contei?”, “Marrom Glacê”, “Plumas e Paetês”, “Elas por Elas”, “Ti-Ti-Ti” e “Brega & Chique”.
Em 1989, foi ao ar outro verdadeiro marco da televisão brasileira com sua assinatura, a novela “Que Rei Sou Eu?”, uma sátira política ambientada no reino de Avilan em 1786.
Mas, essa é uma história para outro post aqui no Canal do Vannucci.