Dancin’ Days: 46 anos de um marco na TV, moda e comportamento

Há exatos 46 anos, estreava um dos clássicos da teledramaturgia brasileira: Dancin’ Days. A trama de Gilberto Braga conquistou o telespectador por defender mais liberdade num momento em que o Brasil enfrentava toda a censura do governo militar. Isso estava muito bem representado na protagonista Júlia, interpretada por Sônia Braga, e no frenético mundo das discotecas, que chegaram para conquistar o jovem e mudar a forma de divertimento.

Dacin’ Days também é emblemática por vários motivos, entre eles por retratar o início da conquista feminina de mais espaço na sociedade. Esse era um assunto muito delicado numa época em que o machismo imperava. Além disso, as mulheres nem sonhavam com igualdade de direitos e salários no mercado de trabalho. Não somente Júlia, mas outras personagens apontavam para as mudanças e conquistas femininas.

Estreia de Gilberto Braga no horário nobre

Dancin’ Days foi a estreia de Gilberto Braga na faixa das 20h, a famosa novela das 8, consagrada na Globo por Janete Clair. Esse horário era ocupado apenas por histórias de grandes autores e, portanto, Gilberto teve que administrar toda uma pressão pessoal e da empresa. Mas, contou com o apoio de Daniel Filho, responsável pela direção de núcleo, e da própria Janete Clair. A autora – inclusive – orientou o estreante.

Depois de Dancin’ Days, Gilberto Braga definitivamente entrou para o seleto grupo da faixa das 20h e, com o tempo, também se transformou em referência para outros autores.

Mais do que novela, Dancin’ Days contribuiu para a popularidade das discotecas e transformou o gênero musical famoso no Brasil. Além disso, movimentou a moda. As mulheres queriam as meias soquetes de lurex, sandálias de tiras e salto alto, as camisas de cetim e a calça jogging vermelha da protagonista. Já as crianças sonhavam com a boneca Pepa.

Sucesso além do esperado

Nem mesmo os mais otimistas na TV Globo apostavam em tamanho sucesso de Dancin’ Days. A novela superou todas as expectativas, principalmente porque saiu das telas e chegou no mundo real. Os letreiros em neon utilizados no cenário e, principalmente na vinheta de abertura, foram utilizados nas campanhas de divulgação externas de grandes marcas. Algo inesperado para um Brasil de 1978 pouco aberto a mudanças e novos olhares.

Dancin’ Days é até hoje uma das maiores referências de boa dramaturgia e há uma torcida muito grande para um remake. Acho difícil, afinal trata-se de um retrato único de uma época em que se buscou na “liberdade da música e da noite” para se pedir pela liberdade real.

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