Público cobra de Vale Tudo mesmo sem saber detalhes da nova versão

Vale Tudo, exibida entre 16 de maio de 1988 e 6 de janeiro de 1989, considerada um dos clássicos da teledramaturgia brasileira. Não por menos, ganhou remake que entrará no ar em abril do ano que vem.  Escrita por Gilberto Brada, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, agitou o Brasil no final dos anos 80, fase em que nos livrávamos da ditadura militar e ganhávamos uma nova Constituição Federal.

A novela se propôs a falar de temas atuais sob a ótica da pergunta “vale a pena ser honesto no Brasil?”. A primeira telenovela de Gilberto a tratar do tema “Brasil”, que prosseguiu em O dono do Mundo (1991) e finalizou com Pátria Minha (1994).

Vale Tudo tinha como fio condutor a história de Rachel, uma mulher honesta (às vezes, honestíssima) e batalhadora que vive inúmeros embates com a filha mau caráter, Maria de Fátima. A jovem quer, a todo custo, subir na vida e não aceita os conceitos de honestidade da mãe. As personagens vividas por duas atrizes consideradas ícones da televisão, Regina Duarte e Glória Pires. Regina já totalmente consagrada e Glória em ascensão vertiginosa.

Vale Tudo arrebatou o país com personagens marcantes, como a vilã Odete Roitman (Beatriz Segal), o empresário corrupto Marco Aurélio (Reginaldo Faria) e o bom e “pé no chão” Ivan (Antônio Fagundes), que se apaixona e vive um romance com a protagonista Rachel.

Clássico pode ganhar remake?

Em 2025, teremos a atualização de Vale Tudo, agora escrita por Manuela Dias, talentosa autora dos sucessos Ligações Perigosas, Justiça e Amor de Mãe. É claro que mexer com um clássico causa aquela sensação de amor e ódio entre os fãs, mas o que vemos é um excesso de cobrança sobre uma obra que sequer foi ao ar.

A escalação do elenco desencadeou uma onda de revolta e xingamentos aos escolhidos como nunca havia acontecido antes, mesmo nos remakes como Pantanal e Renascer. A principal queixa dos internautas foi aos nomes de Thais Araújo  Rachel) e Bella Campos (Maria de Fátima ), resvalando também sobre Débora Block ( Odete ).

A opinião do público é importantíssima para o sucesso de uma novela, mas tem que se levar em conta se esse “pitaco” faz ou não sentido. Thais e Débora são atrizes consagradas e de grande destaque no cenário artístico brasileiro. Ambas, excelentes. O fato de Rachel agora ser interpretada por uma atriz preta faz todo sentido já que o Brasil é um país cuja mistura de raças está no DNA de todos e uma mulher do povo ser interpretada por uma atriz preta conecta todos os pontos da trama da novela. Quanto a Débora ser “nova” demais para a personagem é uma bobagem total. Beatriz tinha 62 anos na época, Débora tem 61. Ambas, dotadas de similar talento.

A queixa maior recaiu sobre a “novata” Bella Campos que até hoje não teria mostrado em cena talento a altura da personagem. Seria crível que a Globo entregasse um dos papeis principais da telenovela a uma atriz sem talento? A atriz não ganhou o papel por seus lindos olhos, mas fez teste e, segundo consta, se saiu incrivelmente bem em cena.

Outro fato “polêmico”

A entrevista da autora Manuela a um grande meio de comunicação gerou muita discussão. A autora cometeu o “pecado” de dizer que Odete Roitman chegará atualizada e não mais falaria coisas absurdas como as de 1988. Mas, tal declaração gerou um tsuname de críticas e deboches que fez com que a autora se retratasse dizendo que fora mal interpretada.

Pra finalizar, acredito que temos que dar uma chance ao produto sem pré-julgamentos já que ele ainda nem foi ao ar. Vale Tudo é aposta de emissora na comemoração de seus 60 anos e, simbolicamente, poderá ser uma ponte de salvação à dramaturgia das 21h30, atravessa uma fase de vários erros e quedas nas médias do Kantar Ibope. Levantar a audiência do horário é vital para a Globo.

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