A maior transformação da TV brasileira assusta quem faz televisão

Executivos da TV Globo, SBT e Record tentam entender o que o telespectador quer e porque ele vai para o digital

José Armando Vannucci
José Armando Vannucci - José Armando Vannucci
5 Min Read
turned on flat screen smart television ahead
Digital alterou a forma de assistir e fazer TV

A televisão brasileira atravessa um dos momentos de maior transformação de sua história, com mudanças na forma de negócio e, principalmente, no comportamento do telespectador. TV Globo, Record, SBT, Band tentam entender a saída do telespectador de atrações que até há pouco tempo eram sinônimo de sucesso e faturamento.

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O domingo é um bom exemplo de toda essa transformação. Na faixa da tarde, o CSR (Conteúdo sem Referência) ocupa facilmente a primeira colocação na audiência, o que dá sinal claro de que o público dedica essa faixa para maratonar séries, assistir filmes em serviços de streaming e muito conteúdo nos canais do Youtube. E detalhe: as pesquisas apontam que o digital tira público, majoritariamente, da TV Globo. Está aí um novo cenário na televisão brasileira.

Luciano Huck na bancada de seu cenário na TV Globo
Luciano Huck tem missão dupla aos domingos. Foto: Manoella Mello/TV Globo

Os levantamentos apontam que SBT e Record não registram a mesma fuga de telespectadores para o digital e isso leva, principalmente, a emissora de Silvio Santos encostar e até mesmo ultrapassar a TV Globo. Ou seja, os filmes do Temperatura Máxima e a primeira parte do Domingão são atacados por duas frentes: o conteúdo digital que arrasta o público e Domingo Legal e Eliana que possuem força da TV aberta.

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Não é por menos que Amauri Soares costuma dizer que “tem saudades da época em que os concorrentes da TV Globo eram o SBT e a Record”.

E qual o desafio da TV aberta? Para onde ir?

Essas são duas perguntas que os executivos da TV Globo, Record, SBT e Band ainda não conseguem responder com tanta certeza. Mesmo porque cada um tem um olhar, uma expectativa diante de um cenário que assusta a cada um deles.

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Vice-líder absoluta em seu tempo áureo, o SBT viu nos últimos anos a sua audiência derreter e a Record abrir uma vantagem em segundo lugar jamais imaginada. A programação perdeu investimentos, assim como aconteceu em outras emissoras. E no projeto de retomada de tempo em tempo surge a aposta em alguma coisa que já deu resultado no passado. Mas, esse saudosismo é muito pontual. Tá na Hora, que resgatou elementos do histórico Aqui Agora, perdeu força diante de uma concorrência estabilizada, mas que não traz nada além do que já aposta no Cidade Alerta e Brasil Urgente.

Humberto Carrão na fazenda de Renascer
Primeira fase de Renascer conquistou boa audiência. Foto: Fábio Rocha/TV Globo

A TV Globo, que se orgulha de ser a maior produtora de teledramaturgia do país, enfrentou uma crise sem precedentes no horário das 18h, com a escolha errada de Elas por Elas. Além disso, internamente, já se fala que Renascer ficou abaixo das expectativas. O remake de Benedito Ruy Barbosa não tem o ritmo dos dias atuais, apesar da beleza de sua fotografia e do texto impecável. Ou seja, mais um exemplo de que nem todo sucesso do passado é garantia de bons resultados no presente.

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Até onde investir?

Consolidada na vice-liderança de segunda a sábado graças a sua programação de jornalismo factual, a Record dá sinais de que se incomoda com o comodismo do domingo. Há anos, o Hora do Faro não consegue a vice-liderança, com exceção em algumas ocasiões, principalmente durante a repercussão de A Fazenda.

A emissora resolveu apostar no Canta Comigo, Canta Comigo Teen e Acerta ou Cai como formatos que podem fazer alguma diferença e colocar a Record um pouco mais perto do SBT. Mas, será que o resultado virá? O público voltará? Duas perguntas sem respostas.

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