A televisão que ensinou o que era sucesso para a TV Globo

TV Rio desenvolveu o primeiro conceito de grade vertical, adotado até hoje na televisão brasileira

José Armando Vannucci
José Armando Vannucci - José Armando Vannucci
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Logotipo colorido da TV Rio
TV Rio foi um marco na televisão brasileiraReprodução internet
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“Agora você já pode assistir televisão”. Foi com este slogan que entrou no ar, no dia 17 de julho de 1955, a TV Rio. A emissora se consagrou através da produção de muitos programas de humor, musicais, novelas de Nelson Rodrigues e a versão brasileira de “Direito de Nascer”. Ali surgiu o primeiro conceito de grade vertical e como as emissoras deveriam se relacionar com os patrocinadores.  “Naquela época, a venda não tinha padrão, um pagava mais caro que o outro”, lembrou Gabriel Priolli. Ele é biógrafo de Walter Clark e especialista em comunicação de massa, no livro Biografia da Televisão Brasileira.

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No início, os contatos das emissoras vendiam tudo o que podiam diretamente aos clientes e não se preocupavam muito com a entrega das ações comerciais. Entretanto, no final do ano, para prestar contas aos anunciantes, se descobria que havia mais inserções do que espaço na grade. A ordem era enxugar os programas para aumentar os intervalos comerciais. Na década de 50 e início dos anos 60, era comum que as atrações mais populares nos meses finais do ano apresentassem longas janelas comerciais, ultrapassando em muito o tempo destinado ao conteúdo. Ou seja, o telespectador precisava ter paciência para assistir uma sequência quase interminável de propagandas.

O começo

O Canal 13 montou seus estúdios nas instalações onde havia funcionado o Cassino Atlântico, na Avenida Atlântica 4.264, no posto 6 de Copacabana. Iniciou suas transmissões com um texto de Moacyr Arêas interpretado por Luiz Mendes, um dos locutores mais importantes do Rio de Janeiro, sobre o início do Congresso Eucarístico Internacional, que acontecia no Aterro do Flamengo. Na sequência, entrou no ar um espetáculo que reuniu importantes artistas e comunicadores da época, entre eles Anilza Leoni, Sargentelli, Murilo Mello Filho e Léo Batista.

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Nos primeiros meses de atividades, no casting estavam os principais artistas da Rádio Mayrink Veiga, alguns nomes tirados da concorrente TV Tupi e muita gente jovem e talentosa disposta a fazer uma nova programação. A TV Rio exibia humorísticos, musicais, partidas de futebol, telejornais e alguns teleteatros.

O sucesso chamado TV Rio Ring

“A Carioquinha”, como era chamada a emissora pelo público e colunas especializadas, não precisou de muito tempo para se firmar no mercado. Conquistou rapidamente a liderança de audiência. Já em 1956, praticamente um ano após sua inauguração, a TV Rio aparecia nas pesquisas em primeiro lugar na preferência do telespectador.

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O carro chefe era o “TV Rio Ring”, uma faixa dominical dedicada às lutas de boxe, esporte muito popular na época. Mas, os teleteatros, principalmente o “Teatro Moinho de Ouro”, também eram muito apreciados pelo público. Imediatamente, a dramaturgia mostrou sua força e as pessoas simplesmente paravam para assistir aos teleteatros e, quem não tinha o aparelho televisor ia na casa de vizinhos ou parentes para acompanhar as mais diferentes peças montadas por artistas que moravam na cidade ou por quem atuava em São Paulo e Curitiba, mas estavam de passagem pela capital fluminense. O cachê oferecido pela TV Rio ajudava muitos atores a complementar o caixa, já que naquela época as companhias de teatro sobreviviam da venda da bilheteria e não de patrocínios de empresas e instituições.

Estas e outras histórias estão no livro Biografia da Televisão Brasileira, que escrevi com Flávio Ricco.

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